O que fazer no Rio: o guia mais completo da noite carioca

Overview of Rio de Janeiro with Christ, the Redeemer overlooking the Guanabara Bay

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Um guia absoluto do que fazer no Rio de Janeiro à noite, escrito por quem realmente entende do assunto, o amigo e produtor radicado no Rio, Felipe Atra. 

Rio de Janeiro… uma das sete maravilhas do mundo moderno, do Cristo ao Pão de Açúcar, do Leme ao Pontal, acredite, não há nada igual, no mundo…

É, o Rio tem muitos motivos para ser considerada a Cidade Maravilhosa, motivos que vão muito além dos belos cartões postais…

O Rio de Janeiro é o berço do Samba, do Carnaval, da Bossa Nova, do Rock in Rio, dos bailes funk… O Rio é a casa da boêmia!

Por isso, passamos pelos lugares mais tradicionais, simbólicos e agitados da cidade, pra você cair na night e aproveitar o estilo de vida carioca!

Sejam bem-vindos, ao Rio 40 graus!

O que fazer no Rio
Cidade do Rio de Janeiro

SEGUNDA-FEIRA NO RIO DE JANEIRO É DIA DE…

Segunda-feira no Rio de janeiro significa sambar muito! Duas das mais tradicionais e históricas rodas de samba da cidade acontecem na segunda-feira, esses captaram o verdadeiro espírito Monday Feelings de ser.

Lamento muito por você que tem que trabalhar até tarde, o Rio de Janeiro não foi feito pra isso… Mas se você estiver de bobeira, passeando pela cidade, essa é a boa do dia:

SAMBA DA PEDRA DO SAL

O que fazer no Rio
Pedra do Sal – * Foto do Flickr do Gian Cornachini *

Um lugar histórico, um dos primeiros mercados de escravos da cidade, aqui se fortaleceu a cultura africana no Brasil. Existiam inúmeras casas de Candomblé, com o passar do tempo os tambores deram lugar aos pandeiros e a junção de ritmos deu origem ao samba.

A Pedra do Sal é tão simbólica que muitos sambistas renomados se mudaram pra cá, como Pixinguinha, Donga, João da Baiana. Os paredões são cercados de artes que narram a luta do negro ao chegar no Brasil.

Hoje, existem rodas de samba de segunda e sexta-feira, a partir das 18 horas.

Tem que chegar cedo, porque a pedra vira uma verdadeira arquibancada, que canta e bate na palma da mão enquanto os sambistas se apresentam na pracinha. Se o tempo estiver fechado, chovendo, nem venha, porque o lugar é totalmente aberto e a festa é cancelada nesses dias, experiência própria, de quem saiu bem frustrado. A Pedra do Sal fica no Largo da Prainha, bem próximo da Praça Mauá e do Museu do Amanhã.

SAMBA DO TRABALHADOR

Também as segundas-feiras, em outro lugar que ajuda a contar a história da cidade, acontece o Samba do Trabalhador. Esse começa ainda mais cedo, às 16 horas, e se possível deixe a praia de lado e se jogue pro Andaraí, porque as filas são grandes pra ouvir o samba comandado por Moacyr Luz, no Clube Renascença, um antigo reduto do movimento negro, mais antigo que o lendário Cacique de Ramos. O lugar foi reformado, tá de cara nova, mas continua com samba da antiga.

POR FALAR EM SAMBA E HISTÓRIA

RUA DO OUVIDOR

O que fazer no Rio
Paço Imperial

Também localizada no Centro Histórico do Rio, a Rua da Ouvidor fica no meio de um importante roteiro cultural. Bem pertinho da Praça XV, onde a Princesa Isabel aboliu a escravidão, no caminho dos Arcos do Teles, próximo a zona portuária, a Praça Mauá, do moderno Museu do Amanhã, além de ser vizinha da Pedra do Sal.

Essa que já foi a rua mais importante da cidade, hoje é uma das mais musicais.

Aqui acontece o Samba da Ouvidor, o Jazz da Ouvidor e o Forró da Ouvidor, onde músicos da mais alta qualidade se apresentam em meio a estreita rua, cercada por prédios coloniais e barzinhos charmosos.

BIP – BIP

O que fazer no Rio
O Bip Bip bar

Esse cantinho do passado no meio de Copacabana foi declarado Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro e continua abrindo todos os dias há mais de 70 anos.

O Bip-Bip é um dos lugares mais simples que você vai conhecer, mas também um dos mais originais.

O bar, comandado pelo rabugento e paizão Alfredinho, não tem garçom, não aceita cartões, você tem que ficar no meio da rua, falar baixo, não pode aplaudir, precisa pegar sua própria bebida e ainda lavar o seu copo no final, mas mesmo assim não tem uma pessoa que não se encante com este mágico reduto do samba.

Os músicos não são contratados, quem quiser leva seu instrumento e se junta a roda, mas o nível é tão alto que só os mais experientes tem coragem de puxar uma cadeira.

As sextas-feiras quem comanda o samba são as mulheres, aos domingos tem discussão política, no mais, tem choro e partido alto todas as noites.

Você, definitivamente, precisa conhecer o Bip-Bip, pedir a benção do Alfredinho, tomar umas broncas sem saber o porquê e ficar até o final para ajudar a recolher as cadeiras!

SE O PAPO É NIGHT, PARTIU LAPA

Se o Brasil é sinônimo de festa, a Lapa é o coração dessa boa bagunça!

O bairro começou a ser ocupado no século 18 e desde sempre foi destinada ao agito.

Os restaurantes e casas de café eram o principal destino dos intelectuais, sambistas e artistas até os anos 40.

O bairro sofreu um processo de decadência e abandono, quando lá pelos anos 90 recuperou seu prestígio e voltou a brilhar.

Cercada por centenas de bares, restaurantes, casas noturnas, feiras de artesanato, a Lapa é parada obrigatória na noite carioca, para todos os gostos, bolsos e tribos.

CIRCO VOADOR

Senhoras e senhores, vos apresento a casa mais famosa e emblemática do Rio de Janeiro… Com vocês, O Circo Voador!

O Circo surgiu como uma tenda improvisada no Arpoador, se mudou pra Lapa e desde 1982 é um símbolo da cidade.

Aqui, foi o principal palco de bandas como o Barão Vermelho, de Cazuza, a Blitz, de Evandro Mesquita, do maluco beleza, Raúl Seixas e também do Tim Maia!

Sempre que estiver pelo Rio, vale entrar no site e ver a programação, que é sempre excelente! Sem contar que fica bem embaixo de um dos principais cartões postais da cidade, os Arcos da Lapa.

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Arcos da Lapa ao lado do Circo Voador

FUNDIÇÃO PROGRESSO

Praticamente na mesma rua do Circo, a Fundição Progresso é outra casa de show bem especial, uma das maiores do Rio. O lugar é um anfiteatro antigo que hoje abriga grandes shows. Outro ponto da Lapa que merece sua atenção.

RIO SCENARIUN

É também conhecido como o Pavilhão da Cultura. Foi eleito pelo prestigiadíssimo jornal inglêsThe Guardian” um dos dez melhores bares do mundo. Mas vai além de um simples bar, na verdade é um misto de bar, restaurante e casa noturna.

Por aqui se apresentam bandas de samba, forró e todo tipo de música brasileira, bem pra inglês ver… Aí, tá explicado a premiação.

No último andar também rola uma baladinha, com música americana, eletrônica, pop, os gringos piram… Ah, minha mãe também adora!

E da pra entender, é um casarão construído no século 19, que tem três mil metros quadrados, decoração bem brasileira, boa comida, bebida. Mas sim, é uma das “nights” mais turísticas do Rio. Fica na charmosa Rua do Lavradio e dá pra ir a pé dos Arcos.

PARA NÃO SER INJUSTO

Como eu disse, a Lapa é um lugar com infinitas possibilidades. Pra não deixar algumas de lado, vamos dar só uma passadinha por elas, tomar um chope e seguir viagem…

Forró dos Democráticos

Toda quarta tem o Forró dos Democráticos, muito bem frequentado, sempre com uma banda que vai fazer você dançar muito. Fica na rua do Riachuelo e vai até umas quatro da manhã.

Bar Semente

O Bar Semente é o reduto da MPB, não é difícil ver o Chico Boarque ou o Yamandu Costa dando uma canja por aqui, a música é sempre da melhor qualidade.

Depósito da Ladeira

Tem também o famoso Depósito da Ladeira, no estilo botecão, mais simples, e com certeza o bar mais barato da Lapa. Um bom lugar pra você tomar aquela última dose antes de entrar na balada, ou uma boa parada pra quem tá indo pra Escadaria Selaron.

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Felipe Atra (Tomate) e a gente

Bar da cachaça

Nesse mesmo estilo tem o bar da Cachaça, onde você poderá provar mais de 1000 tipos da mais tradicional bebida brasileira, normalmente, todo mundo passa lá pra tomar a saideira, parece que o lugar nunca fecha e tá sempre lotado.

Carioca da Gema

O Carioca da Gema também sempre apresenta bons grupos de samba e tem música ao vivo todo dia.

Rio 40 graus

O Rio 40 Graus faz mais a linha Rio Scenariun, casa fechada, música ao vivo, badalação, pegação, turistada, tem tudo por ali.

CHEGA DE MÚSICA ALTA, QUERO SENTAR, BEBER E PAQUERAR

JOBI

O bar mais famoso da Zona Sul abriu suas portas em 1956 e apesar de estar localizado no bairro mais refinado do Rio de Janeiro é bem simples e tradicional, mesmo assim traz todo o charme das meninas do Leblon.

Uma escolha certa a qualquer dia da semana e a qualquer hora da madrugada. O Jobi é sempre muito disputado e recheado de gente bonita, aqui não é certeza que você vá sentar, mas com certeza vai beber bem e paquerar muito!

Fica na Rua Ataulfo de Paiva, a duas quadras da praia.

Bem pertinho do Jobi está o Belmonte, uma outra boa opção, também muito badalado e procurado, este sim com preços e ares de Leblon.

BAIXO GÁVEA

O Baixo Gávea ou BG, para os mais íntimos, é uma rua que conta com algumas opções de bares e restaurantes. Alguns mais sofisticados, outros mais tranquilos. Mas o que pega mesmo é ficar na rua, trocando olhares, conhecendo pessoas, tendo boas conversas.

De quarta a domingo o movimento é garantido, se for em dias de jogos então, você vai achar que está no Maracanã e não na Praça Santos Dumont!

MURETA DA URCA

O chope tá gelado, pessoas interessantes passando, mas tá faltando uma coisa…

Cadê os cartões postais do Rio de Janeiro?

Estar em terras cariocas é garantia de diversão, mas melhor ainda se tiver um belo visual de fundo!

E aí não tem pra ninguém, nem pra Jobi, nem pro Baixo Gávea.

Não há nada que se compare a um fim de tarde na Mureta da Urca.

Tomar uma cerveja com o por do sol brindando a Baía de Guanabara é algo inesquecível!

A mureta inteira fica cheia de gente, mas o point principal é em frente ao Bar da Urca.

DA LAJE

Calma lá, quem disse que não há nada que se compare com a Mureta da Urca?

Ainda mais se o papo for visual…

Aí, amigo, a briga é feia com o Bar da Laje, feia não, bem bonita, aliás.

O Da Laje é um dos bares mais descolados e da moda do Rio de Janeiro, fica no alto do morro do Vidigal. Uma comunidade bem tranquila, gostosa, e que tem uma das vistas mais bonitas do Rio de Janeiro. Dá pra você ver toda a orla da zona sul lá de cima.

O que fazer no Rio
A vista do Vidigal da praia de Ipanema

O bar traz música ao vivo, pessoas bonitas, feijoada aos sábados e um visual, ah, já falei do visual? Desculpa, mas então, tem uma vista que é impressionante!

Pra diversão ficar completa a dica é subir até o bar num moto-taxi, o passeio pela comunidade vai ser outra bela experiência!

JÁ FEZ O EXXQUENTA? AGORA É PRA CAIR NA DANÇA MEXXMO!

Qual a diferença entre o charme e o funk? Um dança bonito, o outro elegante.

Um dos legados do Rio de Janeiro para o cenário musical brasileiro, é o funk! O que começou fazendo sucesso apenas nos morros e subúrbios cariocas, hoje tomou conta de todas as festas do país. Eu duvido alguém não rebolar quando ouve um batidão.

BAILE CHARME DE MADUREIRA

Uma variação do funk, o baile charme é a nova sensação do momento. Uma dança onde todo mundo faz os mesmos passinhos, numa grande coreografia, o resultado fica bem interessante.

Mesmo pra quem não domina o ritmo, cair na dança, imitar os passinhos e remexer com sensualidade, é algo bem divertido.

E é na zona norte do Rio, que acontece o baile charme mais famoso da cidade, o Baile de Madureira, só o lugar já é um grande atrativo, acontece embaixo do Viaduto Prefeito Negrão Lima, a céu aberto, num cenário urbano e moderno. Começa por volta da meia-noite, todos os sábados e não tem hora pra acabar.

CASTELO DAS PEDRAS

Mas quem quer viver a experiência de curtir um baile funk de verdade, tem que se jogar no Castelo das Pedras. Fica no meio da comunidade de Rio das Pedras e apesar de ser de difícil acesso é uma favela pacificada e o baile já virou atração turística, chove de gringos e curiosos que querem rebolar até o chão.

ALÔ, MINHA BATERIA, A HORA ESSA

Não importa a época do ano, o que importa é que você está no Rio de Janeiro e tem que conhecer uma escola de samba.

O que fazer no Rio
* Foto do Flickr da Prefeitura de Florianopolis *

Sentir a força da bateria, a emoção da comunidade, as cores de um carnaval e claro, a beleza das passistas, é viver um espetáculo único no mundo.

Por isso deixamos por último a atração que mais tem a cara do Brasil e do Rio de Janeiro.

Seja qual for a sua escola preferida, Mangueira, Portela, Salgueiro, Imperatriz, Beija-Flor, tenho certeza que você vai cantar até ficar rouco e sambar até o sol raiar.

Sobre o Autor

O que fazer no Rio
Felipe Atra, também conhecido como Tomate, já passou pelo CQC, foi roteirista da Xuxa, escreve programas de viagem pro Multishow, Globosat, e hoje em dia está dirigindo um programa do canal Off. Isso nas horas vagas, pois seu lado boêmio e notívago ainda ocupa a maior parte de sua agenda. Por isso, não tinha ninguém melhor para abrir as portas da noite carioca…
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