This post is also available in: English
O vulcão Ijen na Indonésia é com certeza um dos lugares mais surreais e interessantes que já visitamos. Um vulcão de beleza singular, mas que esconde uma realidade difícil de assimilar. Antes de continuar a leitura, dá só uma olhada nesse vídeo que fizemos – não esqueça de se inscrever no nosso canal do Youtube para ficar por dentro das novidades 😉
O Vulcão Ijen e o fenômeno do “Blue Fire”
O vulcão ativo Kawah Ijen no leste da ilha de Java, na Indonésia, atrai centenas de turistas interessados em ver um fenômeno conhecido como “Blue Fire” (Fogo Azul em português). Todos os dias, de madrugada, uma chama azul de uns 5 metros de altura é expelida de dentro da cratera. Para presenciar o fenômeno é importante subir o vulcão de madrugada, já que só é possível enxergar o fogo entre 1 am e 4 am.

Obviamente não há iluminação e todos têm que fazer os 3 km de trekking para chegar ao topo, com lanterna em mãos. Ao final, uma placa adverte: “visitantes estão proibidos de descer na cratera – Perigo”. Fica claro que o órgão que controla a área se isenta de qualquer responsabilidade daqui em diante e a decisão é sua.
Nós resolvemos seguir e depois de mais uma hora descendo, estávamos dentro da cratera. O cheiro de enxofre e a toxicidade dos gases constantemente eliminados pelo vulcão Ijen desnorteiam e os visitantes são aconselhados a utilizarem uma máscara respiratória.

O vulcão Ijen de manhã
Quando o sol nasce, é possível observar a beleza do vulcão: pedras enormes e de diferentes cores, marcas do caminho da lava em algumas formações, um lago de ácido sulfúrico de cor azul turquesa (aliás, esse é o lago mais ácido do mundo e capaz de destruir um carro inteiro em poucos minutos). O cenário é extasiante.

A realidade por trás do Vulcão Ijen
No entanto, não foi a incomparável beleza de Ijen que mais nos chamou atenção, mas sim a árdua função de 300 mineiros que trabalham ali coletando enxofre. Esses homens sobem e descem o vulcão 2 vezes por dia, com mais ou menos 80kg de enxofre sendo carregados em seus ombros a cada trajeto. Cada quilo de enxofre é vendido por 1000 rupias, ou R$0,30. Uma atividade muito mal remunerada considerando os altos riscos ao qual os trabalhadores estão expostos, mas bem acima do salário mínimo indonésio, de mais ou menos R$400.
O ambiente é extremamente tóxico e as enormes nuvens de fumaça não param nunca. A maioria dos homens não utiliza máscaras e você escuta a incessante tosse e gemido de alguns quando a nuvem toma conta de seus corpos.

O enxofre em formato gasoso desce por tubos de cerâmica construídos no local e se transforma em líquido. Rapidamente o enxofre condensa e os mineiros começam a difícil atividade de quebrar o material, colocar na cesta, equilibrar tudo no ombro, subir até o topo da cratera, colocar o enxofre dentro de um carrinho de duas rodas e descer os 3km de estrada de terra. Muitos trabalham 7 dias por semana, 30 dias no mês, para trazer ao resto do mundo o enxofre, que é utilizado para fazer cosméticos, remédios, fertilizante, pólvora, clarear açúcar, entre outras coisas.
Como chegar no vulcão Ijen
A maioria das pessoas opta por chegar em qualquer uma das cidades próximas de Ijen (Banyuangi por exemplo) e reservar um tour através de uma agência de viagens. Um pacote pode custar até 350 mil rupias (R$70) com a entrada do parque inclusa. O carro vem te buscar no hotel mais ou menos à meia noite e um guia te acompanha no trekking pela montanha. Quando você termina, o carro está lá, esperando para te levar de volta ao hotel.
Agora, se você não é fã dos tours guiados, tem uma maneira muito mais divertida e barata de chegar ao vulcão: alugue uma motocicleta (R$9/dia) e vá por conta própria. Poucos viajantes sabem, mas é possível acampar no pé da montanha de graça. O lugar estará cheio de locais fazendo fogueira e esperando o horário para começar a subir a montanha. Todos são muito simpáticos e você com certeza passará uma noite gostosa com novos amigos.
- Ficou com vontade de conhecer outros vulcões indonésios? Então vem ler esse post sobre o Monte Rinjani, na ilha de Lombok.

A entrada para a montanha custa 100,000 rupias para estrangeiros, ou R$30 e 5,000 Rupiahs (U$o,40) para locais. No final de semana e feriados o preço sobe para 150,000 Rupiahs (US$44) para estrangeiros e 10,000 Rupiahs (US$3,6) para locais. Caso escolha a segunda opção, lembre-se que terá o custo do estacionamento da moto de 5,000 (US$0,40).