É seguro viajar para o Irã? Desmentindo 6 mitos

Fernanda de joelhos na Mesquita Rosa, com luzes dos vitrais todas coloridas iluminando ela, o carpete e a parede
A famosa Pink Mosque de Shiraz
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Infelizmente, a imagem do Irã perante o mundo não é das melhores. Consequência de péssimas relações diplomáticas com países como EUA e UK e erros também por parte do governo iraniano; quem perde com isso é a população local. Fruto do desconhecimento e da propaganda negativa na mídia ocidental, as pessoas carregam os mais diversos preconceitos sobre esse país. Porém, será que é seguro viajar para o Irã?

*Quer saber mais sobre como é o Irã, a vida por lá, cultura e história? Escute o episódio do nosso podcast Moradores do Mundo sobre o Irã! 

Mulher andando lá no fundo vista por uma portal com uma montanha ao fundo no templo do silêncio em Yazd, Irã
Mulher andando pelo templo do Silêncio, Yazd

Depois de um mês viajando por lá, nos maravilhando com as pessoas, comida, história e cultura, podemos dizer que até agora foi o lugar que mais nos surpreendeu. Por isso, aqui desmentimos 6 dos preconceitos mais comuns que as pessoas têm em relação ao Irã, e assim você pode decidir se é seguro viajar para o Irã.

Atenção (!): o texto pode parecer absurdo e preconceituoso para alguns, mas infelizmente, essa é exatamente a reação de 90% das pessoas para quem contamos que estivemos no país.

1 – O Irã é perigoso

Mulher passando nas ruas do Irã com vestimenta tradicional
Pelas ruas de Esfahan

O Irā é um dos países mais seguros que já visitamos. Andávamos na rua à noite sem problema algum, usávamos nossos equipamentos eletrônicos em transporte público, amigos constantemente deixavam o carro estacionado aberto. Como em qualquer lugar do mundo, você precisa ter cuidado, saber seus limites e onde pode ou não ir. De qualquer maneira, passamos um mês no Irã, andando muito a pé e nunca nos sentimos nem ligeiramente ameaçados. Isso vale para todas as cidades que visitamos (Teerã, Masouleh, Ramsar, Isfahan, Yazd, Shiraz, Abadan, Shush, Hamedan e Tabriz).

*Leia também: O que fazer no Irã: um roteiro completo pelo país mais fascinante do mundo

2 – Iranianos são terroristas

Pessoas dançando embaixo da ponte onde fazem poesia

Também não. Atentados terroristas no Irã são tão frequentes quanto em países europeus. O maior alvo dos ataques são o exército e pessoas do governo. Não que isso justifique alguma coisa, pois na “guerra contra o terrorismo” quem mais sofre é a população inocente.

3 – Iranianos são árabes muçulmanos radicais

Mesquita Rosa ou Pink Mosque em Shiraz
A famosa Pink Mosque de Shiraz

Essa está tão errada que nem sabemos por onde começar…

Iranianos não são árabes, são persas – o que não justifica qualquer tipo de preconceito contra árabes, mas seria, em uma comparação bem chula, como chamar o irlandês de britânico ou o brasileiro de argentino.

O Império Persa foi o maior e mais antigo que o mundo já viu. Sua religião era o Zoroastrismo, primeira religião monoteísta do mundo e a que influenciou todas as outras,  como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Foi somente a partir da invasão árabe, em meados de 600 d.C., que eles se converteram ao islã.

Pássaros voando em frente a mesquita

Mas os persas são tão orgulhosos de sua história, que criaram sua própria forma de islamismo, o xiismo (que mais uma vez, a mídia ocidental, erroneamente traduz como sendo uma forma mais extremista da religião).

O Ano-Novo deles por exemplo, é carregado de misticismo e simbologia zoroastra, como você lê nesse post que escrevemos sobre as diferentes celebrações de Ano-Novo ao redor do mundo. 

Graças à riqueza das poesias e literatura persa, o país foi um dos únicos entre os que sofreram a invasão árabe, a conseguir manter suas tradições, que podem ser vistas na forma de comer, trabalhar, hospedar, escrever, falar e por aí vai…

Muitos dos iranianos que conhecemos são pouco – ou nada – religiosos e se veem obrigados a viver uma vida dupla: a das ruas, onde têm que seguir as regras do governo, e outra dentro de casa, em que podem ter mais liberdade e fazer o que quiserem.

4 – Iranianos não gostam de “ocidentais”

Quatro mulheres sentadas no chão fazendo picnic no parque de Teerã a noite
Um picnic de noite no aniversário da Fernanda!

O povo iraniano é o mais amigável que já conhecemos. Durante nossa viagem, conversamos com alguns turistas americanos e europeus e todos foram unânimes em elogiar a receptvidade iraniana. Foi no Irã aliás que começamos a absrover uma grande lição: “não generalize. Uma coisa são os governos, outra é o povo”.

Inclusive perguntamos para algumas pessoas o que elas achavam dos israelenses (Israel e Irã são notórios inimigos e israelenses são proibidos de entrar no Irã), e a resposta que tivemos foi: “problema nenhum com israelenses, tenho inclusive amigos judeus, o problema são os nossos governos”. Isso diz muito sobre se o Irã é perigoso, não?

5 – O Irã tem um governo fundamentalista e ditatorial e eu posso ser preso

Sinal em Farsi, no Irã, falando dos EUA

Isso é, infelizmente, parcialmente verdade. Mas você como turista não deve sentir nenhum tipo de repressão. Assim como em qualquer país, algumas regras devem ser seguidas: álcool é proibido, mulher deve vestir o véu, homens, calça, e por aí vai. Mas se respeitar tudo, não terá problema algum. Quem mais sofre com as proibições do Irã, são os iranianos e não os turistas. Nesse texto, Como se vestir no Irã e como era antes da Revolução Islâmica, falamos um pouco mais sobre a questão!

6 – É dificil tirar o visto para o Irã

Bandeiras do Irã em mastros pela cidade com carros passando

Várias nacionalidades, incluindo brasileiros, argentinos, chilenos (quase todas da América do Sul), portugueses, italianos, franceses (maioria dos europeus) podem tirar o visto no aeroporto. Super fácil. Ingleses, no entanto, necessitam aplicar para o visto com antecedência e estadounidenses precisam fechar um tour guiado. Leia nosso texto como tirar o visto para o Irã para saber todos os detalhes! E aí, é seguro viajar para o Irã?

*Post escrito em outubro de 2015 e atualizado em Fevereiro de 2024